HDL5046 - Dinâmicas das Relações de Gênero, Raça e Classe

Período: 05/03 a 27/05/2024
Ministrantes: Rosângela Janja Costa Araújo; Silvana de Souza Nascimento
Horário: Terças-feiras, das 14h às 18h
Local: Casa de Cultura Japonesa
Créditos: 8
Vagas oferecidas: 30
Vagas especiais oferecidas: 5

INSCRIÇÕES

ALUNO REGULAR (Sistema Janus):
08 a 21 de Janeiro de 2024

ALUNO ESPECIAL, ALUNOS UNESP e UNICAMP:
15 a 22 de Janeiro de 2024
https://ppghdl.fflch.usp.br/alunoespecial1_2024

Objetivos:
Este curso busca contribuir com a ampliação ampliar de temas seminais e contemporâneos que se debruçam sobre a difusão, operacionalização e controversas em relação à trajetória, e usos, dos conceitos de gênero e raça. Por se tratar de campos teóricos que, ao longo do século XX, se desenvolveram de maneira paralela, nos debruçamos nos desafios de suas interconexões, sendo de fundamental importância para elucidar lacunas interpretativas, bem como evidenciar seus pontos de convergência à despeito de acionarem, amiúde, literaturas completamente díspares.

Justificativa:
Nosso foco de atenção se volta para os trabalhos que, a partir do início da década de 1980, contribuem para a consolidação de perspectivas interseccionais: enquanto teoria (sobre opressão, poder, identidade e/ou representação política) e metodologia de pesquisa. O termo “interseccionalidade” será contextualizado a partir da leitura de textos escritos, inicialmente, por feministas negras norte-americanas sobre a relação entre raça, gênero e classe. Daremos também especial ênfase ao trabalho de ativistas e pesquisadoras negras brasileiras e latino-americanas que de forma explícita ou
implícita contribuem para o desenvolvimento da teoria interseccional no país. Discutiremos a efetividade desse arcabouço teórico em relação a modelos monistas e aditivos de opressão, bem como algumas de suas limitações.

Conteúdo:
Discussão dos fundamentos teórico-metodológicos da análise da diferenciação/articulação das relações sociais de gênero e raça/etnia na sociedade brasileira e latino américa, em tempos remotos e na atualidade. O programa será abordado a partir de perspectivas feministas, privilegiando o enfoque de gênero como categoria analítica e enquanto categoria histórica relacional. Retraça, assim, a trajetória da construção da problemática do gênero, com especial atenção para as discussões centradas na diferenciação de situação racial das categorias de gênero e como tais recortes incidem na organização das relações sociais, com implicações no mundo do trabalho e na constituição de sujeitos políticos.

AULA 1: Apresentação da turma e aprovação da proposta de trabalho.
Raça, racismo e etnia – MUNANGA (2004)
AULA 2: Raça e racismo: tipologias e variações: GUIMARÃES (2003)
AULA 3: Relações Raciais no Brasil: consolidação, paradoxos e perspectivas: COSTA (2006)
AULA 4: Articulando gênero, raça e classe: FRASER (2001); SOUZA (2005), KERNER (2012)
AULA 5: Branquitude e Privilégio: BENTO (2002); SCHUCMAN (2012)
AULA 6: Feminismo Negro Norte-Americano (1) -Interseccionalidade: primórdios: HARAWAY (2004); TRUTH (1863); COMBAHEE RIVER (1982)
AULA 7: Feminismo Negro Norte-Americano (2) -Interseccionalidade: primórdios: COLLINGS (2012); LORDE (1984); HOOKS (1995); DAVIS (2016)
AULA 8: Pensamento Social Feminista Negro: GOZALEZ (1988), AZEREDO (1994),
AULA 9: Gênero, Raça e Resistencia Cultural – ARAÚJO (2019), GARCIA (2015)
AULA 10: Pensamento Feminista Negro no Brasil (1): CARNEIRO (2003); CARNEIRO (1995); BAIRROS (1995)
AULA 11:Pensamento Feminista Negro no Brasil (2): CALDWELL (1995); RATTS (2006); RIBEIRO 1995)
AULA 12: Articulando Sexualidades – ARAUJO, SILVA (2022). NASCIMENTO (2019)

Bibliografia:
ARAÚJO, Janja. Mulheres Negras e Culturas Tradicionais: memória e resistência, In Currículos Sem Fronteiras, v.19, n.2.p.553-565, maio/ago. 2019.
AZEREDO, S. Teorizando sobre gênero e relações raciais. Revista Estudos Feministas. N. E. 203-216, 1994.
BAIRROS, L. Nossos Feminismos Revisitados. Estudos Feministas, Vol. 3, No.2, 1995, PP.:544-552.
BENTO, Cida. Branqueamento e branquitude no Brasil. In Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil / Iray Carone, Maria Aparecida Silva Bento (Organizadoras) Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. (25-58)
CALDWELL, Kia Lilly. Fronteiras da diferença raça e mulher no Brasil. Estudos Feministas
2/2000, p. 91-108
CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v.17, n. 49, 2003, p. 117-132.
CARNEIRO, S. Gênero, raça e ascensão social. Estudos Feministas, Vol. 3, No.2, 1995, PP.:458-463.
COLLINS, P. H. Rasgos distintivos del pensamiento feminista negro. Em: Jabardo, Mercedes (Org.). Feminismos Negros: una antologia. Madrid, Traficante de Suenos, 2012.
COMBAHEE RIVER COLLECTIVE: “A Black Feminist Statement”. In Gloria Hull, Patricia Scott, and Barbara Smith, eds. All the Women are White, All the Blacks are Men, But Some of Us Are Brave. New York: The Feminist Press. 1982, p. 13-22.
COSTA, S. Dois atlânticos: teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: UFMG, 2006. Capítulo VII: Paradoxos do anti-racismo: os estudos raciais e seus críticos, p. 195-218.
COURANT, A. Conscientização branca em espaços de capoeira: percepções de privilégio entre brancos que convivem com negros. Capítulo 1., 2018 - Repositório da Ufba.
DAVIS, Angela –Mulher, Raça e Classe (1981)–Capitulos 2 e 3- Boitempo. São Paulo, 2016
FRASER, N. Da Redistribuição ao Reconhecimento? Dilemas da Justiça na Era Pós- Socialista. In: SOUZA, J. (ORG.). Democracia hoje: novos desafios para a teoria democrática contemporânea. Brasília, UnB, 2001, p. 245-282
GARCIA, Carla Cristina. Tecelagens de si e do mundo: a costura como forma de resistência na arte produzida por mulheres.( (Apresentação de Trabalho/Congresso). Anuário de Antropologia Iberoamericana
GONZALEZ, L. Por um feminismo afrolatinoamericano. Revista Isis International, Vol. IX, junio, 1988, p. 133-141.
GUIMARÃES, A. S. A. Como trabalhar com “raça” em sociologia. Educação e Pesquisa, São Paulo, 29(01) 93-108, 2003.
HALL, S. Que “negro” é esse na cultura negra? Lugar comum, 13/14, pp.147-159.UFRJ, 1992
LORDE, Audre. Textos escolhidos. S/D.
KERNER, I. Tudo é interseccional? Sobre a relação entre racismo e sexismo. Novos Estudos CEBRAP, 93, 2012.
HOOKS, B. Intelectuais negras. Estudos Feministas, Vol. 3, No.2, 1995,p. 465-477. ESTUDOS FEMINISTAS 465 – UFSC. Florianópolis, 1995
MUNANGA, K. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Cadernos PENESB (Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira). UFF, Rio de Janeiro, n.5, p. 15-34, 2004.
NASCIMENTO, Silvana de Souza - O corpo da antropóloga e os desafios da experiência próxima. In. Revista Antropologia. (São Paulo, Online) | v. 62 n. 2: 459-484 | USP, 2019
RIBEIRO, M. Mulheres negras brasileiras, de Bertioga a Beijing. Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 446-57, 1995. Dossiê Mulheres Negras
RATTS, A. Eu sou atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Impressa Oficial, Instituto Kuanza, 2006. Parte 2 – é tempo de falar de nós mesmos, pp. 91- 129.
RIBEIRO, M. Mulheres negras brasileiras, de Bertioga a Beijing. Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 446-57, 1995. Dossiê Mulheres Negras.
SILVA, Zuleide Paiva, ARAUJO, Rosângela Janja Costa - Pensamento lésbico: uma ginga epistemológica contra-hegemônica. In: Dossiê Feminismos e Lesbianidades em Movimento: a visibilidade como lugar - Revista Estudos Feministas/REF, Florianópolis/SC, -2021
SCHUCMAN, L. V. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 2012. Capítulo V: Aspectos Psicossociais da Branquitude Paulistana; Capítulo VI: Fissuras entre a Brancura e a Branquitude: possibilidades para a desconstrução do racismo, p. 67-110
SOUZA, J. Raça ou classe? Sobre a desigualdade brasileira. Lua Nova, 65: 43-69, 2005.

Forma de avaliação:
A avaliação será por meio de três atividades: apresentação de seminários, participação nos debates em sala e artigo final. Participação e presença serão consideradas na pontuação final.
1. Apresentação de seminários: 25%
2. Participação nos debates: 25%
3. Artigo final: 50%

Tipo de oferecimento da disciplina: Presencial